Mais uma daquelas capas que ninguém entende, mas acham cult
Logicamente que aconteceu (continuará com outros artistas) o vazamento
do novo álbum do Smashing Pumpkins. “Monuments To An Elegy” tinha lançamento
oficial marcado para o dia 09 de dezembro, mas pipoca desde a semana passada
pela web. Isso fará alguma diferença nas vendas em formato físico? Nem que
nasçam os cabelos do Billy Corgan.
A pergunta que fica é: os abóboras amassadas continuam relevantes?
Claro que sim, mesmo com a singela fraqueza dos discos anteriores. Se o novo
álbum não possui a destreza e a qualidade de um “Siamese Dream”, ao menos é o
melhor trabalho desde “Adore”, de 1998 (sim, eu acho um puta álbum).
Corgan convocou Tommy Lee, baterista do Motley Crue, para dar aquele “peso
sensível” que Jimmy Chamberlin proporcionava com maestria. E percebe-se a
diferença já na primeira faixa, “Tiberius”. A sonoridade lembra qualquer uma
das músicas de “Oceania”, mas com bateria mais reta e guitarras menos
limpinhas. Já a segunda canção, “Being Beige” é uma baladinha com delicado dedilhado de
violão, aquelas letras sentimentais que só Corgan consegue
discorrer e um tecladinho fazendo a cama climática. É bonita, mas nada
excepcional. E após esse carro-chefe, as coisas melhoram. “Anaise!” tem uma
levada funkeada e (pasmem) um contrabaixo bem classudo. “One and All”,
disparada a melhor faixa, tem guitarras, guitarras e guitarras e aquele texto
de perdedor caprichado, quase que uma composição vinda de “Gish”. Ao vivo vai
ficar do caralho!
Continuando sua vibe por sintetizadores, iniciada pesarosamente em “Zeitgeist”,
vem “Run2Me”, a mais meia boca de todas. Mas “Drum + Fife” compensa, com sua
bateria marcial nos primeiros segundos e melodia marcante. E a tecladeira
retorna, porém, executada sem gratuidade, em “Monuments”, com bom riff e
ataques. Já a climatizante “Dorian” poderia estar perfeitamente em “Adore” e a
derradeira “Anti-hero” é uma autobiografia que confirma: não adianta chiar,
enquanto eu continuar com coragem de meter a cara, vou lançar discos.
Apesar do pesares, das mudanças constantes de integrantes e do
variável (des)humor, Billy Corgan não vai abandonar sua carreira e prosseguirá domando
a sua criatura.
