O Arctic Monkeys desacelerou. Nada lembra os tempos nervosos de “Whatever
People Say I Am, That´s What I’m Not”, de 2006. De lá até hoje, o grupo foi o
queridinho da crítica. Todos seus álbuns eram dignos de, no mínimo, quatro
estrelinhas dadas pelos jornalistas. Eis que agora, com o lançamento de “AM”, o
jogo pode virar.
Alex Turner, nos últimos anos, andou bebendo de outras águas, se
embriagando aos montes de Josh Homme, produtor dos dois últimos trabalhos da
banda, “Humbug” (todas as faixas), de 2009, e “Suck It and See” (parcialmente),
de 2011. Se o vocalista do Queens Of The Stone Age deu ao mundo um dos melhores
trabalhos deste ano, com “Like Clockwork”, os ingleses terão que saborear outros
ares. Apesar de ser um disco bom, “AM” carece daquele descompromisso que todos
curtiram nos três primeiros álbuns.
Em entrevista para alguma rádio que não recordo qual, Turner comentou
que “AM” era inspirado em rap e hip hop. O cara só podia estar tirando uma com
a cara do radialista, pois nada disso é encontrado no álbum. Na primeira
audição, tudo possui um frescor delicioso, mesmo que sem nenhuma novidade
sônica. Mas, a partir da segunda, você se indaga: - Que porra é essa? Isso fará
você descarta-lo? Não, na quarta vez que ouvi-lo seu aparelho auditivo já terá
digerido tudo bonitinho, inclusive a desgraça do tecladinho de “Fireside”.
Como comentei com um querido amigo: está tudo mais embriagado e o Alex
Turner, até então sem graça, agora está uma gracinha. E se você esperava
influências do rap e do hip hop, contente-se com “Why’d You Only Call Me When
You’re High”, a mais próxima dos gêneros mencionados. A canção, aliás, é boa,
mas é possível que bata mesmo o pezinho no chão com a marcação de “Snap Out Of
It”, que não tem nada demais, mas é gostosinha como vodca pura depois de quatro
Heineken’s.
Leonardo Handa
