terça-feira, 3 de setembro de 2013

Impressões – “AM” – Arctic Monkeys


O Arctic Monkeys desacelerou. Nada lembra os tempos nervosos de “Whatever People Say I Am, That´s What I’m Not”, de 2006. De lá até hoje, o grupo foi o queridinho da crítica. Todos seus álbuns eram dignos de, no mínimo, quatro estrelinhas dadas pelos jornalistas. Eis que agora, com o lançamento de “AM”, o jogo pode virar.

Alex Turner, nos últimos anos, andou bebendo de outras águas, se embriagando aos montes de Josh Homme, produtor dos dois últimos trabalhos da banda, “Humbug” (todas as faixas), de 2009, e “Suck It and See” (parcialmente), de 2011. Se o vocalista do Queens Of The Stone Age deu ao mundo um dos melhores trabalhos deste ano, com “Like Clockwork”, os ingleses terão que saborear outros ares. Apesar de ser um disco bom, “AM” carece daquele descompromisso que todos curtiram nos três primeiros álbuns.

Em entrevista para alguma rádio que não recordo qual, Turner comentou que “AM” era inspirado em rap e hip hop. O cara só podia estar tirando uma com a cara do radialista, pois nada disso é encontrado no álbum. Na primeira audição, tudo possui um frescor delicioso, mesmo que sem nenhuma novidade sônica. Mas, a partir da segunda, você se indaga: - Que porra é essa? Isso fará você descarta-lo? Não, na quarta vez que ouvi-lo seu aparelho auditivo já terá digerido tudo bonitinho, inclusive a desgraça do tecladinho de “Fireside”.


Como comentei com um querido amigo: está tudo mais embriagado e o Alex Turner, até então sem graça, agora está uma gracinha. E se você esperava influências do rap e do hip hop, contente-se com “Why’d You Only Call Me When You’re High”, a mais próxima dos gêneros mencionados. A canção, aliás, é boa, mas é possível que bata mesmo o pezinho no chão com a marcação de “Snap Out Of It”, que não tem nada demais, mas é gostosinha como vodca pura depois de quatro Heineken’s. 

Leonardo Handa