segunda-feira, 27 de maio de 2013

Condado de Otap


Era uma vez um condado do sul, com terras muito produtivas, de lindos canteiros floridos nas ruas e de riqueza próspera. Algumas casas, situadas em morros, eram de uma fenomenal arquitetura, de gostosos traços de se admirar. A situação presente se mostrava tão benigna que chamou a atenção de um programa de TV medieval, O Pergaminho. Um jornalista foi até a região verificar como andava as plagas por lá. Conseguiu registar lindas imagens e colher depoimentos tão férteis quanto os campos que cercavam esplendidamente o lugar. Ao que tudo indicava, o resultado do trabalho seria transmitido em uma sexta-feira. Brevemente, orgulhosos, seus moradores poderiam se admirar.

Apesar de toda a amorosidade perfeita, já que a simpatia de sua população era um dos predicados mais enaltados, certos reivindicavam um transporte mais eficiente e veloz à capital do Reino onde o condado se localizava, sobretudo os mercadores, pessoas influentes de dignidade graciosa que necessitavam transbordar seus negócios. Ao invés de cavalos, queriam que os dragões, dominadores exímios da arte do voo, os levassem até lá. Mas, o grande problema: eles não tinham como pousar, pois o lugar carecia de um espaço adequado que comportasse o porte estratosférico dos seres alados.

O burgomestre, sagazmente, decidiu utilizar as instalações de uma colina, perfeita para tal atividade. Contudo, algumas mudanças seriam necessárias, afinal, os dragões eram de porte avantajado. Suas proporções não conseguiriam propiciar poéticas aterrisagens ou agradabilíssimas decolagens. Era preciso uma ampliação.

Mas, pelos arredores, existiam cabanas de moradores que dominavam o cultivo da ceva. Tantos demoraram anos para arrecadar uma quantia necessária e, assim, comprar do condado um pedaço de terra. Como o Reino havia destinado um montante para o aumento da colina, o burgomestre proibiu novas construções de cabanas, pois tinha receio que, em breve, elas seriam derrubadas. Muitas pessoas ficaram preocupadas, pensando: se a ampliação da colina interferir em meu terreno, será que serei indenizado de forma correta e digna?

O detalhe era de que outros queriam iniciar o levantar de uma cabana, depois de décadas de labuta, todavia, estavam proibidos. Nenhum alvará estava sendo concedido pela administração do condado, apesar dos boatos de que um ou outro morador conseguiu, por baixo dos panos, iniciar sua construção pelo programa Minha Cabana, Minha Sobrevida. O motivo era de que seus terrenos se encontravam dentro do raio previsto para a ampliação da colina, mas não iriam interferir no planejamento.

O fato: o que é para um é para os outros? Não quando informações são desencontradas e o oficial não sabe ao certo as respostas. De toda a maneira, os dragões continuavam a não pousar, mesmo com os boatos de novas construções. 

lsH