Otto. Beck. Adele. O que essas três pessoas têm em comum? Compuseram
lindos álbuns depois de levarem um belo pé na bunda. Eles catalisaram toda a
sofreguidão em versos e melodias, resultando identificação nos ouvintes que também
passaram pelos períodos de dor que o fim de um amor é capaz de proporcionar. Em
alguns casos, duram anos para as chagas melhorarem.
Apesar de gostar muito do trabalho do Lucas Santtana, nunca tinha
parado para ouvir com a calma zen necessária o disco “O Deus Que Devasta Mas
Também Cura”, que se originou após o seu romper com Anna Dantes. Os traços da
lamúria não permeiam todo o álbum, mas o tema central é o barulho que um
término causa no coração.
A simplicidade de suas crônicas amorosas-dolorosas é deliciosamente visceral,
como se fosse um amigo lhe dando conselhos-clichês que, por ironia do acaso,
cabem perfeitamente para a situação. E, nada melhor nesses momentos do que o
impacto da frase: o tempo vai curar. Cura mesmo? Cura, mas bem que o tempo
poderia passar mais rápido, não?
Apesar de sempre me encarar debatendo essas questões divinas, como
aquele lindo início do filme “A Vida de Pi”, tenho que baixar a guarda e dar
razão ao título do trabalho do Lucas Santtana, não que essa opinião seja a coisa
mais interessante do mundo. Não vai lhe agregar em nada e nem é a intenção. No
fim, a intenção é: acredite naquilo que te faz bem, ou externize o que está
concentrado em diarreias mentais transpostas em versos, música, vídeos ou
qualquer outra forma. Isso que deve ser feito? Otto, Beck, Adele e Lucas
Santtana conseguiram boas coisas.
lsH