terça-feira, 10 de abril de 2012

Impressões – “O Disco do Ano” – Zeca Baleiro

Ele se chama José de Ribamar, mas é conhecido como Zeca Baleiro. O sobrenome artístico vem da época em que tinha uma loja de doces, no Maranhão. Hoje a sua música possui açúcar e também muito sal. E esses dois ingredientes são encontrados em “O Disco do Ano”, recém-lançado trabalho do compositor, que apesar de ser bom, talvez não figure nas famosas listas dos melhores.
O título, aliás, é uma crítica aos formadores de opinião que possuem a mania de elencar os trabalhos mais emblemáticos do ano. Apesar de serem discutíveis, servem bem para pautar ouvintes que estão à procura de bons álbuns ou filmes. Porém, as alusões construtivas não param somente no título. Na engraçadinha “Meu Amigo Enock”, com a participação da cantora Andreia Dias, a sátira rola solta. Apesar do ritmo infantilizado, como se tivesse saído do repertório do Balão Mágico, vale pelas sacadas das frases.
O trabalho não mostra nenhuma novidade do cancioneiro zecabalístico. As mesmas ideias de discos anteriores estão lá, algo que nenhum fã poderá reclamar. O cantor passeia pelo reggae na parceria com Hyldon em “Calma Aí, Coração”, viaja no brega em “O Amor Viajou” e mergulha de cabeça na balada “Nada Além”. Talvez a melhor do álbum seja mesmo “Mamãe no Face”, que cita Caetano, Nelson Motta e Hermano Vianna.
Para um dos artistas mais interessantes da MPB atual, Zeca não lançou o disco do ano. Os volumes 1 e 2 de “O Coração do Homem Bomba” são extremamente superiores. Até mesmo o disco “Concerto”, que comemorou os 13 anos de carreira do maranhense, é mais gostosinho do que as inéditas de hoje. Mesmo assim, existe aquele encantamento sônico que os provadores de músicas gostam, principalmente na faixa “Zás”, composta com o catarinense Wado que, esse sim, lançou em 2011 o trabalho do ano.

Leonardo Handa