
A palestra atrasou. É que duas turmas de alunos do Ensino Médio de uma escola qualquer estavam para chegar. Assim que entraram, 30 tipos de medo percorreram pelo corpo. Será que eles iriam ficar quietos ouvindo Ignácio de Loyola Brandão? Não apenas ficaram em silêncio como prestaram atenção a cada história que o escritor contou na abertura da Semana Literária do Sesc de Pato Branco.
Geralmente, as segundas-feiras noturnas na cidade são de uma mesmice constrangedora. Mas a do dia 12 de setembro foi célebre para quem se permitiu ir até o auditório do Sesc ouvir um dos maiores contadores do país.
Têm coisas que somente a idade traz. E no alto de seus 75 anos, Ignácio desfilou a alegoria do que sabe melhor: contar fábulas maravilhosas que de tão boas até seguraram o Ibope de adolescentes que não conseguem se concentrar devido aos artifícios efêmeros das redes sociais, tema que, por sinal, estava sendo discutido em outro lado da cidade em um evento.
Enquanto acadêmicos de Comunicação e outras áreas da tecnologia recebiam informações facilmente encontradas no Google, o escritor cuspia poesia de uma maneira que estudantes que nem sabiam da sua existência saíram apaixonados pela fala mansa, respiração precisa e exagero controlável das frases de Ignácio. Impossível não rir de seu humor apurado, de seus conhecimentos sobre literatura e, acima de tudo, crônica. Ele proporcionou uma verdadeira aula de como escrever, algo fundamental para qualquer estudante de faculdade. Mesmo que sejam apenas 140 caracteres, é necessário saber colocar as palavras de maneira entendível.
Os monólogos de Ignácio terminavam sempre de maneira surpreendente, arrancando sorrisos e também lágrimas. Quando o escritor contou a história de quando, caminhando pelas ruas de São Paulo, se atrapalhou com uma senhora de lindos cabelos brancos que seguia na direção oposta a dele, e se deram de encontro, um tentando desfiar do caminho do outro, e ela para e lhe diz lindamente: obrigado pela primeira dança dessa manhã, o auditório, lotado, ovacionou Ignácio de forma emocionante. Certamente 140 caracteres não corresponderiam nem conseguiriam descrever a mágica que foi aquele instante. Entretanto, um dos ensinamentos do cronista pode ser resumido nessa quantidade: “para escrever, basta observar e ter uma dose de exagero”. Com 10 palavras, 46 caracteres, ele resumiu a brilhante arte de transpor em sílabas algo simples: escrever de jeito, no mínimo, interessante.
Leonardo Handa - Jornalista
Geralmente, as segundas-feiras noturnas na cidade são de uma mesmice constrangedora. Mas a do dia 12 de setembro foi célebre para quem se permitiu ir até o auditório do Sesc ouvir um dos maiores contadores do país.
Têm coisas que somente a idade traz. E no alto de seus 75 anos, Ignácio desfilou a alegoria do que sabe melhor: contar fábulas maravilhosas que de tão boas até seguraram o Ibope de adolescentes que não conseguem se concentrar devido aos artifícios efêmeros das redes sociais, tema que, por sinal, estava sendo discutido em outro lado da cidade em um evento.
Enquanto acadêmicos de Comunicação e outras áreas da tecnologia recebiam informações facilmente encontradas no Google, o escritor cuspia poesia de uma maneira que estudantes que nem sabiam da sua existência saíram apaixonados pela fala mansa, respiração precisa e exagero controlável das frases de Ignácio. Impossível não rir de seu humor apurado, de seus conhecimentos sobre literatura e, acima de tudo, crônica. Ele proporcionou uma verdadeira aula de como escrever, algo fundamental para qualquer estudante de faculdade. Mesmo que sejam apenas 140 caracteres, é necessário saber colocar as palavras de maneira entendível.
Os monólogos de Ignácio terminavam sempre de maneira surpreendente, arrancando sorrisos e também lágrimas. Quando o escritor contou a história de quando, caminhando pelas ruas de São Paulo, se atrapalhou com uma senhora de lindos cabelos brancos que seguia na direção oposta a dele, e se deram de encontro, um tentando desfiar do caminho do outro, e ela para e lhe diz lindamente: obrigado pela primeira dança dessa manhã, o auditório, lotado, ovacionou Ignácio de forma emocionante. Certamente 140 caracteres não corresponderiam nem conseguiriam descrever a mágica que foi aquele instante. Entretanto, um dos ensinamentos do cronista pode ser resumido nessa quantidade: “para escrever, basta observar e ter uma dose de exagero”. Com 10 palavras, 46 caracteres, ele resumiu a brilhante arte de transpor em sílabas algo simples: escrever de jeito, no mínimo, interessante.
Leonardo Handa - Jornalista