
Na fila, algumas pessoas visualizaram aquele ser alto, meio desengonçado, com dentes tortos e podres. Ele carregava uma mala de rodinhas. Desesperadamente se dirigiu a uma van que estava estacionada a uns 30 metros. Indagações: - é ele? Sim, era ele. Wander Wildner se fazia de anônimo em Pato Branco e não foi assediado. Alguém teria feito isso? Com certeza, mas naquele momento não tinha nenhum fã afoito na fila.
O gaúcho, tachado de roqueiro brega, se apresentou na Mali, em Pato Branco. Muitos indivíduos do público presente nem sabiam da importância que aquele jovem senhor tem frente ao pop/rock tupiniquim. A MTV tentou lançá-lo como artista cult. Apesar de ser exatamente isso, a campanha não colou. Mas na cidade do Viganó, onde cult é sinônimo de estranho, fora do padrão, viado, lésbica ou esquisito, coube a Wildner encarnar o desconhecido.
No melhor estilo faça você mesmo, ele plugou sua guitarra, testou o cubo e o microfone, olhou para sua banda formada por duas mulheres – uma na guitarra e outra na bateria – saldou a todos com um tímido boa noite e começou os acordes. O som da casa estava estupidamente horrível. Nem o maestro mais treinado com o seu tímpano de radar da Nasa conseguiria entender as primeiras frases de Wildner.
O repertório privilegiou o seu mais recente trabalho, “Caminando Y Cantando”, de 2010, que remete a muito do que o gaúcho já fez (e com menos brilho) em álbuns anteriores. Durante o show, lógico que ele soltou o hit “Bebendo Vinho” que despertou a galera, no entanto, foi nas lembranças de “Amigo Punk” e “Lugar do Caralho” que a garganta do público deixou de lado a cerveja e se propôs a acompanhar o ex-vocalista do Os Replicantes.
A maioria sabe que ele não é um exímio guitarrista e talvez isso tenha pesado um pouco na apresentação. Mas como um bom punk que se preze, Wildner estava se fodendo para isso. De toda a maneira, o cantor poderia ter maneirado no efeito repetido da sua distorção, que era sempre o mesmo em quase todas as canções. Uma hora enjoou. E, quando ele se despediu do público e iria voltar para o bis, provavelmente tocando “Eu Tenho Uma Camisa Escrita Eu Te Amo”, um infeliz funcionário da casa que deve atender pela alcunha de DJ soltou o som de balada, o que provavelmente irritou o bom gaúcho e às pessoas que de fato conheciam a discografia de Wander Wildner. Resta aguardar se desagrado parecido e imperdoável não aconteça em junho, quando outros riograndenses darão o ar da graça: a banda Bidê Ou Balde.
Leonardo Handa - Jornalista
O gaúcho, tachado de roqueiro brega, se apresentou na Mali, em Pato Branco. Muitos indivíduos do público presente nem sabiam da importância que aquele jovem senhor tem frente ao pop/rock tupiniquim. A MTV tentou lançá-lo como artista cult. Apesar de ser exatamente isso, a campanha não colou. Mas na cidade do Viganó, onde cult é sinônimo de estranho, fora do padrão, viado, lésbica ou esquisito, coube a Wildner encarnar o desconhecido.
No melhor estilo faça você mesmo, ele plugou sua guitarra, testou o cubo e o microfone, olhou para sua banda formada por duas mulheres – uma na guitarra e outra na bateria – saldou a todos com um tímido boa noite e começou os acordes. O som da casa estava estupidamente horrível. Nem o maestro mais treinado com o seu tímpano de radar da Nasa conseguiria entender as primeiras frases de Wildner.
O repertório privilegiou o seu mais recente trabalho, “Caminando Y Cantando”, de 2010, que remete a muito do que o gaúcho já fez (e com menos brilho) em álbuns anteriores. Durante o show, lógico que ele soltou o hit “Bebendo Vinho” que despertou a galera, no entanto, foi nas lembranças de “Amigo Punk” e “Lugar do Caralho” que a garganta do público deixou de lado a cerveja e se propôs a acompanhar o ex-vocalista do Os Replicantes.
A maioria sabe que ele não é um exímio guitarrista e talvez isso tenha pesado um pouco na apresentação. Mas como um bom punk que se preze, Wildner estava se fodendo para isso. De toda a maneira, o cantor poderia ter maneirado no efeito repetido da sua distorção, que era sempre o mesmo em quase todas as canções. Uma hora enjoou. E, quando ele se despediu do público e iria voltar para o bis, provavelmente tocando “Eu Tenho Uma Camisa Escrita Eu Te Amo”, um infeliz funcionário da casa que deve atender pela alcunha de DJ soltou o som de balada, o que provavelmente irritou o bom gaúcho e às pessoas que de fato conheciam a discografia de Wander Wildner. Resta aguardar se desagrado parecido e imperdoável não aconteça em junho, quando outros riograndenses darão o ar da graça: a banda Bidê Ou Balde.
Leonardo Handa - Jornalista