quinta-feira, 24 de junho de 2010

O workaholic musical


Ele aceita qualquer trabalho, desde que tenha rock

Quando lançaram o primeiro disco, há dez anos, uma dupla chamou muito mais do que a atenção do público underground de Detroit. Eles viraram uma paixão. O burburinho do álbum, com canções fortes de poucos acordes e uma crueza roqueira, não demorou e chegou aos ouvidos atentos dos nova-iorquinos. Além do som, uma peculiar forma de se vestir – apenas roupas nas cores vermelha, branca e preta – despertava a curiosidade pela dupla, sem falar das histórias obscuras a respeito dos dois. Alguns diziam que eles eram irmãos, outros falavam que eles foram casados. Até hoje ninguém sabe ao certo. A certeza que fica é que o White Stripes pula longe das referências comuns.
Com seis álbuns gravados e um prontinho para ser lançado, a dupla-banda formada por Jack White (guitarras, vocais e piano) e Meg White (bateria) consegue engordar o sônico mesmo sendo um grupo resumido. O quarto disco, inclusive, é tão completo que o contrabaixo não faz falta alguma – menos para os xiitas, sempre tortos com os seus olhares. E foi com esse álbum, “Elephant”, de 2003, que o White Stripes conseguiu o seu maior hit, cujo refrão embala jogos da Uefa – Liga dos Campeões. A canção “Seven Nation Army” ecoou em várias regiões mundiais, ganhando inúmeras versões, de reggae a drum bass.
Mas Jack White, o mentor, queria mais. Acabou se tornando um workaholic do mundinho pop, assim como Dave Grohl, do Foo Fighters, e formou junto com o amigo Brendan Benson o excelente The Racounters. Se o White Stripes já tinha escancarado as tendências setentistas, com a outra banda Jack explodiu os tímpanos dos admiradores do rock passado temperado pelo tempo presente. Os dois discos lançados do The Racounters já faturaram vários prêmios e se destaca pela produção: em tempos de digitalismo, os caras não deram bolas e gravam só no sistema analógico. Quem ganha são os fãs, já que a qualidade do registro ganha muito nas camadas.
Ainda não contente com os dois projetos, Jack White decidiu juntar uma cambada de bons músicos (The Kills e Queens Of The Stone Age), largou a guitarra para tocar bateria e formou uma terceira banda, The Dead Wheather. O grupo lançou recentemente o CD “Horehound” e conta com os vocais de Alison Mosshart, do duo mezzo-eletrônico The Kills.
Mesmo com os três grupos e agenda cheia, o cara, não satisfeito, resolveu trabalhar um pouco mais e entrou no cinema com o documentário “A Todo Volume”. Ao lado de The Edge (U2) e Jimmy Page (Led Zeppelin), Jack faz um tratado sobre a evolução do seu instrumento original: a guitarra.