Ryan Adams dá novos sentidos a "1989", de-quem-você-sabe-quem
Certa vez, um namorado meu disse que eu só gostava das cantoras pop
americanas quando algum artista mais cult as regravava. Verdade. Acho a versão
de Toxic, da Britney, feita pelo Hard-Fi, do caralho. E agora, qual a minha
maior surpresa? Ouvir a versão do Ryan Adams para um álbum inteiro da Taylor
Swift. O canadense fez favores maravilhosos ao disco “1989”, lançado pela
loirinha magrela no ano passado. Ficou bom? Que dúvida. Eu diria que até melhor
do que o original.
O jornalista Daigo Oliva, da Folha de S. Paulo, escreveu algo certeiro
sobre o trabalho: “Sem querer, Adams transforma Taylor Swift em gênio. Enxuga
todos os excessos de produção para revelar que, por trás das várias camadas
digitais e efeitos que tornam todos os novos artistas pop iguais, há uma ótima
compositora”. Resumindo, é isso mesmo.
Ryan Adams, que tem em comum com a Taylor o apreço inspirador do
country, deixou todas as músicas límpidas, com aquele pequeno eco etéreo característico
em sua obra. Esse detalhe particular é o confeite do chantilly. Dá para
perceber cada acorde e melodia, ao contrário da versão original, tão
grandiloquente numa produção que ofereceu uma guinada na carreira de Taylor,
porém, cagou na estrada que simboliza o sucesso.
A própria cantora não conteve os elogios nas redes sociais. Não por
menos, ouvir “Bad Blood” como uma balada deve tê-la feito gozar. Até a letra
ganhou um novo sentido. Cantado
por Ryan, versos como “Did you have to hit me where I`m weak? Baby, I couldn`t
breathe then, brought me in so deep, salt in the wound like you`re laughing
right at me”, viram poesia.
Não há mais o que discorrer. Apenas sentir. Não que o trabalho da
cantora fosse ruim, mas agora foi melhorado. Imagina se a moda pega? Conor Oberst
poderia pegar um ábum da Beyonce e transformá-lo num novo clássico.