Um deleite de desejo canibal. E ela tocou "Mapa", apesar da banda achá-la muito pop
Não conhecia muito bem o trabalho da curitibana Helena Sofia, apesar de ter ouvido
“Mapa” em algum lugar que, por mais que me esforce, não consigo lembrar.
Sua voz doce traz um contraste incrível em canções que possuem um
humor sagaz. E a moça se apresentou no domingo, 30, em Pato Branco, no projeto
Aldeia Musical, do Sesc. O pouco público presente se deliciou.
Apresentando o álbum lançado em 2013, “Desejo Canibal”, Helena iniciou
com a faixa título do trabalho, tocando acordeom. Apesar do microfone baixo e
guitarra um tanto alta, a primeira canção deu o tom para o restante do show.
Problemas técnicos solucionados, execução após execução, a artista relaxou e
nos presenteou graciosamente e ardentemente com a sua Música Perturbada
Brasileira.
Acompanhada de uma incrível banda, formada pelo diretor musical e
baixista Gladson Targa, pelo guitarrista Rafael Borba (incrível) e pelo
baterista Leandro Superchinski, a cantora se desdobrou no que sabe melhor:
contar histórias.
Durante pouco mais de uma hora, seu repertório que possui a amalgama
de acidez e doçura, deu licença para uma interpretação de Walter Franco, a
sensacional “Canalha”, do disco “Vela Aberta”, de 1980. A música complementa e
em nenhum momento sobra ou parece desconexa do repertório. Se Helena não
tivesse avisado os ouvintes, talvez passasse despercebido que não se tratava de
uma composição sua.
O show também teve uma canção inédita. Antes da sua apresentação, a
compositora frisou: “Seu arranjo está ficando um pouco eletrônico. Acho que
estamos virando hipsters”. De fato. A introdução lembrou algo do Radiohead,
fase “Kid A”. Isso é bom? É perfeito. Se o próximo trabalho vier com contornos
assim, o desejo canibal de ouvir Helena Sofia ficará mais interessante.
