Grupo gaúcho sofreu com o atraso da primeira banda a se apresentar na
noite Mundo Pop da Expopato, mas compensou os fãs com as suas baladas certeiras
O último show da noite Mundo Pop
da Expopato 2012 atrasou. Bastante. Mas não foi culpa do Nenhum de Nós. Uma
série de fatores contribuiu para a situação, como problemas técnicos alegados
pela primeira banda que se apresentou e a montagem de palco de um grupo para
outro. Em festivais de música isso é normal. Existem reclamações, contudo,
assim que o som começa, os ânimos raivosos se tornam contentamentos. Por parte
do público, lógico.
Após os empecilhos declarados
pelo Detonautas, que já foram esclarecidos pela Comissão Central Organizadora
(CCO) da feira e se mostraram inverídicos, as duas bandas após o grupo de Tico
Santa Cruz se apresentaram normalmente. Quando o relógio já passava das 3h20,
os gaúchos subiram ao palco para entregar uma coleção de canções que foram
acompanhadas com destreza pelo público que ali permaneceu forte. O vocalista
Thêdy Correa, com uma sagacidade sulista, pediu desculpas pelo atraso que nem
era dele ou da banda, e disse que tocaria todos os hits e que faria valer à
pena a espera. De fato, isso aconteceu. Se as pessoas queriam cantar “Camila,
Camila”, “Vou Deixar que Você se Vá”, “Amanhã ou Depois” e “Você Vai Lembrar de
Mim”, conseguiram.
Entrevista
Antes do show, o Nenhum de Nós
atendeu a assessoria de imprensa da Expopato. Bem humorado, o porta-voz do
grupo, Thêdy Correa, falou sobre o mercado da música nos dias atuais, gravações
de videoclipes e projetos paralelos. Ele só se negou a comentar sobre o
Internacional, time de coração que não está bem no Brasileirão. “Só não vamos
falar de futebol, tudo bem?”, brincou o vocalista. Melhor não comentar mesmo,
pois o show que o grupo fez nada lembrou a situação do time colorado na
competição.
Situação semelhante ao
Internacional no campeonato em andamento, para Thêdy, está o mercado
fonográfico atual. “Hoje em dia este termo já perdeu o sentido, hoje temos que
chamá-lo de mercado da música. As grandes gravadoras se tornaram uma coisa
obsoleta, serve somente para grandes artistas e olhe lá. A porcentagem de
contratados nessas corporações é muito pequena se comparada há 15 anos”.
Thêdy disse que a melhor forma de
se trabalhar com música é tendo contato direto com os fãs, sobretudo pela
internet, ferramenta que divulga 10 entre 10 candidatos ao sucesso. “Os
caminhos são variados, mesmo no mundo on-line, mas o Nenhum de Nós procura
sempre estar em sintonia com esse meio”, salientou.
Clipes e projetos
Durante toda a sua carreira, o
grupo nunca foi um expoente na gravação de videoclipes para divulgar suas
canções. “É que somos muito feios. Ninguém quer ver gente assim em vídeo”,
satirizou Thêdy, ressaltando, em seguida, que agora estão registrando com mais
frequência em imagens os sons da banda. “É um tipo de mídia que temos muito
apreço”.
Sobre futuros projetos, no
momento, o Nenhum de Nós continuará na divulgação de seu mais recente trabalho,
“Contos de Água e Fogo”, álbum composto apenas por músicas inéditas que deu uma
pausa nos registros ao vivo, que revisitavam a carreira. Já a respeito de
projetos paralelos, Thêdy quer gravar mais um disco solo, como fez em 2005
quando releu o repertório do compositor Lupicínio Rodrigues que, aliás, foi o
responsável pelo hino do Internacional. Na época, ele ousou em pegar músicas
clássicas como “Esses Moços (Pobres Moços)”, “Se Acaso Você Chegasse” e
“Felicidade”, arranjando-as com loops e batidas eletrônicas, dando outra contextualidade
sonora às canções de Lupicínio.
Thêdy revelou que o seu próximo
alvo agora é mergulhar no mundo do Clube da Esquina, movimento musical mineiro
que tem como expoentes Milton Nascimento, Wagner Tiso, Beto Guedes e Lô Borges.
“Vou regravar o disco ‘Clube da Esquina’, pois tenho paixão pelas canções
daquele pessoal”, declarou o vocalista.
Se depender de Thêdy Correa e do
Nenhum de Nós, nada estragará seus planos para os próximos shows e projetos,
mesmo que tenha outra banda que inicie os shows da noite e ponha culpa no
sistema de energia pela falta de habilidade de segurar a atenção do público. E
os gaúchos nem precisaram profanar palavrões para afirmarem que também são do
rock.
lsH.
