Somente agora parei para pesquisar sobre “Recanto”, o tão falado disco “eletrônico” da Gal Costa, produzido e composto inteiramente por Caetano Veloso. Parceiros de longuíssima data, desde quando os dinossauros recitavam poesia, eles têm uma conexão quase macrobiótica. A dupla, inclusive, lançou lá na década de 1960 o disco “Domingo”, repleto de sambinhas deliciosos.
O tempo voou extraordinariamente, cada qual seguiu caminhos diferentes, mas ao mesmo tempo conectados. Não à toa, a Gal talvez seja a mais perfeita tradução para as músicas de Caetano. Reflexo disso é o disco “Recanto”, um álbum autoral que apenas utiliza a voz da baiana como instrumento, já que a sua participação na criação é praticamente inexistente. Em entrevistas, a cantora confessou que foi apenas dirigida, deixou tudo a cargo de Caetano e dos filhos do compositor, Zeca e Moreno Veloso.
Depois de vários discos guiados pelo piloto automático, sem aquele frescor juvenil que transpirava na década de 1970, Gal arriscou em seu novo trabalho. Ou talvez tenha sido indagada ou convencionada a mudar. O resultado é radical? Com absoluta certeza. Pena que dá a impressão que a cantora está pouco a vontade, não conseguindo encontrar o ponto de equilíbrio entre as batidas eletrônicas e as melodias dos versos.
Uma das canções, chamada “Neguinho”, como já disse Caetano, poderia ser regravada, facilmente, pela Lady Gaga. O cantar, quase declamado, destoa tudo daquilo que temos na memória com relação à voz de Gal. Em outras, como “Recanto Escuro”, trazem as características vocais da princesa do tropicalismo, no entanto, muito mais contidas devido as bases eletrônicas e ao tom baixo, algo que causa uma estranheza e fascinação, como se fosse uma Björk fora do contexto proposto.
No fim das contas, “Recanto” é um álbum bom? Regular seria o termo apropriado, mas mostra que tanto Caetano quando Gal estão dispostos a não se acomodar, mesmo não precisando provar nada a ninguém, somente a eles mesmos.
O tempo voou extraordinariamente, cada qual seguiu caminhos diferentes, mas ao mesmo tempo conectados. Não à toa, a Gal talvez seja a mais perfeita tradução para as músicas de Caetano. Reflexo disso é o disco “Recanto”, um álbum autoral que apenas utiliza a voz da baiana como instrumento, já que a sua participação na criação é praticamente inexistente. Em entrevistas, a cantora confessou que foi apenas dirigida, deixou tudo a cargo de Caetano e dos filhos do compositor, Zeca e Moreno Veloso.
Depois de vários discos guiados pelo piloto automático, sem aquele frescor juvenil que transpirava na década de 1970, Gal arriscou em seu novo trabalho. Ou talvez tenha sido indagada ou convencionada a mudar. O resultado é radical? Com absoluta certeza. Pena que dá a impressão que a cantora está pouco a vontade, não conseguindo encontrar o ponto de equilíbrio entre as batidas eletrônicas e as melodias dos versos.
Uma das canções, chamada “Neguinho”, como já disse Caetano, poderia ser regravada, facilmente, pela Lady Gaga. O cantar, quase declamado, destoa tudo daquilo que temos na memória com relação à voz de Gal. Em outras, como “Recanto Escuro”, trazem as características vocais da princesa do tropicalismo, no entanto, muito mais contidas devido as bases eletrônicas e ao tom baixo, algo que causa uma estranheza e fascinação, como se fosse uma Björk fora do contexto proposto.
No fim das contas, “Recanto” é um álbum bom? Regular seria o termo apropriado, mas mostra que tanto Caetano quando Gal estão dispostos a não se acomodar, mesmo não precisando provar nada a ninguém, somente a eles mesmos.
Leonardo Handa